Senado aprova MP que destina até R$ 1 bilhão para os municípios
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
O Senado aprovou nesta quinta-feira a MP (medida provisória) 462/09 que destina até R$ 1 bilhão aos municípios para compensar perdas nos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) com a crise econômica mundial. Como a proposta foi alterada pelos senadores, terá que voltar para nova análise da Câmara.
Durante a votação, líderes de governo e oposição protagonizaram um novo embate. O motivo foi a inclusão no texto de 23 emendas que tratam de diversos assuntos. Como há um entendimento na Câmara que proíbe inserção dos chamados "contrabandos" --artigos que sejam diferentes do texto principal das medidas provisórias--, o relator da matéria e líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), acabou acolhendo sugestão de senadores para mudanças na proposta que não tinham relação com o teor principal da matéria.
Em resposta aos "contrabandos", o vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), tentou adiar a votação para a próxima semana, mas foi voto vencido. "Essa MP é um monstrengo, um escárnio à juridicidade", disse.
Apesar de a medida tratar da recomposição de recursos para as prefeituras, foram acrescentados no texto dispositivos que tratam da ampliação da renegociação da dívida agrícola, da isenção da cobrança de impostos (PIS/Cofins) em aparelhos ortopédicos para deficientes e ainda novos critérios de gestão para o Programa Bolsa Família, além de modificar a lei que autorizou o Banco Central a conceder empréstimos em moeda estrangeira.
Após a votação, Dias afirmou que vai recorrer à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) para reverter a aprovação do texto. "Vou recorrer porque essa medida provisória é um monstrengo. Não sei como arautos do Direito conseguem dormir à noite depois de subscrever uma MP que é uma afronta à Constituição do país", disse.
O líder do governo minimizou os "contrabandos" e disse que parte da matéria pode ser derrubada durante a sanção pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ir à sanção não é garantia de não-veto. O governo vai analisar e o presidente Lula pode decidir vetar o que for alheio ao que o Executivo propôs inicialmente quando editou a MP", afirmou.
Na volta para a Câmara novas emendas não podem ser incluídas. Os deputados apenas decidirão se acolhem ou rejeitam as emendas dos senadores. Somente depois desse trâmite é que o presidente Lula irá debruçar-se sobre a versão final para determinar se haverá vetos.
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