terça-feira, 16 de outubro de 2007

AQUIDAUANA - 1964

O PTB DE JANGO, BRIZOLA E FADUL

Como disse certo poeta, cujo nome não me redordo:

"Todos cantam sua terra, também vou cantar a minha, nas débeis cordas da lira, hei de fazê-la rainha".

Vou me reportar ao velho Mato Grosso e, ao atual Mato Grosso do Sul - que hoje completa 3O anos- e vou "voltar" a cidades do sul matogrossense, às terras pantaneiras, cujas águas, neste instante, se acham ausentes.

Agora, vou tratar um pouco da história do PTB pré-64, cujo lider inconste, no nosso velho Mato Grosso era Deputado Wilson Fadul, médico da Aeronáutica, que no dia da eclosão da "Redentora", como se pretendeu designar o golpe de 1964, se encontrava como Ministro da Saúde do governo constitucional do Sr. João Belchior Marques Goulart.

Wilson Fadul era considerado o futuro Governador Estado, pois para a eleição de 1966 contava com o apôio do PSD, cujo acordo, em contrapartida ao nosso apoio a João Ponce de Arruda, eleito Governador em 1962, contava com o aval do Senador Filinto Muller e das demais cabeças coroadas do partido de Juscelino Kubstchek, em Mato Grosso.

O Dirétório PTB de Aquidauana era controlado por Antonio Gonçalves, Eloy de Toledo e eu, tendo como antepassado histórico Manoel Paes de Barros.

O Dr. Eloy perdera a eleição para Prefeito de Aquidauana, em 1962, por cerca de 40 votos, em razão do "mapismo", cuja tradução correta é roubo de votos, segundo a categórica confissão de um bem informado udenista, que respondia pelo apelido de Zizi, o qual se vangloriava de tal feito da UDN local, informação confirmada por outros correlegionários, cujos nomes deixo de revelar para não provocar asco, mas seus nomes e depoimentos, na qualidade de "dedos duros" se encontram nos autos de IPM, com 606 páginas, instrumento de nossa imolação e que poderá, algum dia, se tornar a público, a bem da verdade e da história real do golpe de 1964.

A UDN vinha de sucessivas derrotas nacionais.

Assim fora em 1945 e em 1950, com as derrotas do Brigadeiro Eduardo Gomes, para Eurico Gaspar Dutra e para Getúlio Vargas, respectivamente; em 1960, Juscelino vence o General Juarez Távora; em 1960, tem uma pseudo vitória, indo a roboque da candidatura de Janio Quadros, por falta de alternativa e na qual não consegue eleger o vice udenista, derrotado por João Goulart.

O candidato natural das forças políticas progressistas éra Juscelino que já se afigurava como imbatível.

Em Mato Gosso, a coisa não era diferente.

A coligação PPTB-PSD elegera o Governador do Estado, nas ´pultimas eleições e estava programada a derrota da UDN, em 1966.

Em Aquidauna, três lideraças jovens: Eloy ded Toledo, eu e Adonis Gonçalves, so a liderança de Antonio Gonçalves, sob a inspiração de Manoel Paes de Barros, ameaça a hegemonia udenista.

Esta ssistuação se repetia no país inteiro, o crescimento do PTB, mesmo antes de Jango assumir a Presidência, assutava as forças retrógradas do país.

Restava à UDN apelar para os quartéis e para os EE.UU. como revelaram, recentemente, arquivos desse país, divulgadoss em nosso blog "Tio Sam & Nós).

Consuma-se, então, o primeiro de abril de 1964.

Esta história á assaz conhecida, embora muito deturpada, necessitando, ainda, algum dia, ser colocada nos verdadeiros "trilhos".

Não diferente do resto do país, instala-se o terror em Aquidauana e adjacências.

É neste cenário que a UDN de Aquidauana apóia a repressão de indefesos e inocentes cidadãos que não se enquadravam nos desígnios do partido e não obedeciam as ordens dos seus caciques, pois tinha a necessidade de conservar seu reinado, ameaçados, principamente, por três lideraças jovens e incisivas: Eloy, eu e o Vereador Adonis Gonçalves, este, filho do trabalhista histórico, Antonio Gonçalves, Presidente do PTB de Aquidauana.

Entre outros, são presos: em Anastácio, Osvaldo Sanches; en Aquidauana, o Vereador Adonis Gonçalves e o Dr. Leonardo Nunes da Cunha, em Porto Murtinho, Jorge Abrão e o médico de Guia Lopes da Laguna, Dr. Arruda, cuja tortura, relatarei, de acordo com a ronologia do fato.

Adonis é preso logo nas primeiras horas da repressão e deve ser reverenciado como o maior mártir do ideário trabalhista de Aquidauana.

Entre outros, em Anastácio é preso Osvaldo Sanches; em Porto Murtinho, Jorge Abrão, em Jardim, o médico Dr Arruda, de cuja tortura tenho infelizes recordações.

As perseguições injustas, pelo único e "terrivel delito" de pertencer ao PTB, destruiu a sua juventude e o conduziu à morte prematura.

Prenderam, também, o Dr. Eloy, Promotor de Justiça, incômodo que a UDN precisava afastar do seu caminhoe e o não menos valoroso advogado, Dr. Leonardo Nunes da Cunha, filho do notável e tradicional político, também advogado, Dr. Bonifácio Nunes da Cunha acionou seu àulicos.

Apesar das pressões das das lideraças udenistas e das falsas acusões dos seus lacaios, até então eu não fora atingido pelo arbitrio , não só por se tatar de um Capitão do Exército, da ativa, até então, eu não fora, ainda, atingido pelo arbítrio.

O conceito que eu desfrutava no meio civil, perante os militares, incluindo o próprio comandante do 9o B E Comb, unidade em que servia, o qual se comprova pelo seu depoimento, nos autos do IPM a respondi, o qual sabia, sobejamente, que meu único e terrível delito era o fato de ser suplente de Deputado Estadual pelo PTB o que, por si só, justificaria a pretensão dos adversários políticvos de me incluir entre as vítimas do "São Bartolomeu" aquidauanense.

Entretanto, tal situação me criava alguns constangimentos, como ocorreu em uma das visitas aos pais do vereador Adonis Gonçalves, o Sr. Antonio Gonçalves e D. Albertina, quando esta me implorava: Capitão Paim, solte meu filho, como se eu me incluisse entre seus algozes

Em maio do ano passado, em solenidde promovida pela Câmara Municipal de Anastácio, relembra a visita que eu o Capitão Lauro de Almeida Mendes lhe fizemos, na prisão.

A UDN, mentora e beneficiária do golpe de 1964, através dos seus "esbirros" não conseguiu me atingir, facilmente, por se tratar de um Capitão da Ativa do Exército.

Frustraram as tentativas de consumar a minha prisão, através de pressões às autoridades militares, propósito repelido pelos comandantes do 9o. Batalhão de Combate (Aquidauana) e 9o. Grupo de Artilharia Auto Rebocada 75 (Nioaque), respectivamente, Coroneis Wilson de Freitas e Rubens de Toledo, os quais conheciam, sobejamente, a reputação e a conduta do Capitão Paim, além de saberem da motivação política de líderes aquidauanenses, que exigiam a minha "cabeça", mas não cairam na "esparrela" de ceder a tais absurdos.

A terceira via para me atgingir consistiu em apelar para a colaboração de um fanático e "aloprado" major, de Nioaque, o torturador do Dr. Arruda, médico de Guia Lopes da Laguna.

O referido major solicitou e conseguiu ordem do Comando da 4a. Divisão de Cavalaria, sediada em Campo Grande, para a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM) cujo propósito seria, especificamente, investigar as atividdes "subversivas" dos capitães Edson Nogueira Paim e Lauro de Almeida Mendes.

Nos autos desse ninquérito é ressaltado o intuito perseguitório, mas que por ironia do destino, ficou registrado nos mesmos, conduta desviantes desse malfadado militar, por cujas nocivas atividades não podem ser responsabilizdo o Exército, pois no mesmo período avultam o número de oficiais de conduta adequada, como evidenciamos e, atestamos, sem medo de cometer injustiças.

em que os "dedos duros" udenistas demonstram todo o seu baixo caráter, como se acha documentado em mais de 600 páginas, que talvez, um dia venha a ser divulgado

O referido major, encarregado do IPM, abordou-me, à saída do refeitório dos oficiais e me disse: "Após o café, você será ouvido, neste salão, em um IPM.

Após ouvir-me, disse:

- Você esta altamente complicado. Vou solicitar sua prisão.

Fomos presos, inicialmente, por 30 dias, para investigação, prorrogada por mais 20 dias.

Terminado este prazo, o major, em arrepio do código fquje supostamente obedecia, nos conservou presos por mais 16 dias (ao todo 66 dias), cuja arbitrariedade teve seu paradeiro, por ordem expressa, através de radiograma, expedido pelo General Taurino de Resende, Presidente da Comissão Geral de Investigação (CGI), nome e respectiva história de vida engrandece e honra o nosso Exército.

O IPM que nos indiciou, teve conclusões absurdas e pífias, tanto que a Auditoria da 9a. Região Militar nos absolveu, em 1966, em pleno período do árbítrio, por não constarem, nos autos, provas de que tenham cometidos os crimes pelos quais foram acusados. .

Nesse IPM estão registrados depoimentos de nossos comandantes em que nos exime de quaisquer atividades desabonadoras de nossas condutas militares e de cidadãos, ao mesmo tempo em existem restrições feitas por brilhante oficial do èxercito brasileiro, encarregado de outro inquérito, a procedimentos do major que nos indiciou.

No filme de guerra: "Um punhado de bravos", tendo Errol Flyn como principal protagonista.
Cada vez que um companheiro era abatido, ele, o Comandante da coluna, recolhia a respectiva placa de identificação.

Aos se apresentar às autoridades superiores para dar conta da missão, recebeu um elogio:

- Você cumpriu galhardamente o seu papel".

A resposta instantânea foi retirar do bolso as placas de identificação, coletadas, afirmando, incisivamente:

- E nos custou um "punhado de bravos".

Iniciamos nosso comentário, com plágio e vamos terminar com outro.

- Orgulhamos do nosso passado, embora tenha resultado em, em prejuizos irreparáves, tanto pessoalmente, como para minha família.


1 Comentários:

Às 28 de janeiro de 2008 às 19:03 , Blogger Unknown disse...

Prezado Edson Paim
Sou Leonardo Filho (filho do Dr. Leonardo e neto do Dr. Bonifácio - citados no artigo), também advogado e hoje residindo e atuando no Rio de Janeiro. Quero aqui parabenizá-lo pela lembrança de um episódio que marcou a vida de meu pai, de meu avô e de minha família, mas que não nos impediu de continuar a luta pelo bem, pela verdade e pela democracia.

 

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